Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos,
Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;
A cadeira de Moisés pode ser interpretada nos termos hodiernos como uma cadeira ocupada por líderes religiosos. Nesse aspecto, se examinarmos o termo sob a ótica do cristianismo, restringiremos a expressão à liderança religiosa católica e evangélica.
Nos tempos de Jesus, a cadeira de Moisés era ocupada por escribas e fariseus, que segundo consta nas escrituras ordenavam vários preceitos aos liderados, mas eles mesmos não cumpriam o que mandavam os seguidores fazer. Ou seja, resta evidente que se tratava de uma liderança hipócrita, que colocava pesadas ordenanças sobre os ombros do liderados, mas não seguiam os próprios preceitos que ordenavam.
Esse paradigma bíblico deve nos fazer pensar sobre princípios da liderança cristã nesses dias atuais, ou seja, devemos nos perguntar se estamos sendo liderados com base em princípios saudáveis de liderança ou se estamos simplesmente cumprindo tarefas sem a motivação adequada.
Jesus reprovou o estilo de liderança dos escribas e fariseus, que submetiam os fiéis a situações difíceis, mas eles mesmos se reservam o direito de viver uma vida sem nenhuma restrição e sem dificuldades.
Afinal de contas, Jesus era um líder que liderava pelo exemplo, fazia o que dizia e ordenava que os discípulos fizessem aquilo que ele mesmo já havia feito. Precisamos entender que não somos empregados de instituições religiosas, somos discípulos de Cristo, e isto nos basta. Devemos compreender que a motivação de tudo que fazemos no reino de Deus não pode ser para agradar os nossos líderes terrenos, mas para cumprir o nosso propósito e agradar a Deus.
Um importante princípio de liderança cristã, é concernente ao papel de facilitador do líder com relação ao cumprimento do propósito e chamado de vida do liderado. Isso significa que o líder deve encaminhar o liderado no seu chamado, mesmo que isso signifique liberá-lo da sua liderança para alçar voos maiores, caso isso seja necessário, porque somos servos do reino e não funcionários de uma instituição.
O egoísmo e egocentrismo de muitas lideranças cristãs das igrejas atuais, estão formando liderados fracos, sem opinião própria, que não podem questionar atitudes, mesmo que estas estejam erradas, e acima de tudo, não estão formando sucessores, porque os liderados estão fazendo um serviço que não contribuem com o seu propósito de vida, mas simplesmente colaboram com a instituição.
É evidente que, para fazer justiça, não podemos colocar todos no mesmo balaio, ou seja, existem muitos líderes cuja a liderança é inspiradora e sadia, com os quais tenho o prazer de conviver, inclusive. Mas este texto busca fazer um apanhado geral em consonância com o texto que lhe serve de base, não é um questionamento de uma liderança localizada, mas o escrutínio da minha percepção no aspecto amplo da igreja, dita evangélica, brasileira.
Cada vez mais vemos ministérios surgindo do dia para a noite, baseados em uma visão pessoal do instituidor, que se torna "apóstolo" do evangelho em locais cuja a semente do evangelho já fora plantada há séculos atrás. Outros se tornam pastores presidentes de uma igreja que possui uma única congregação, os quais são pessoas que querem apenas ter o ego afagado e procuram liderados para colaborarem com o seu pensamento egoísta, e se tornam tais quais os escrivas e fariseus.
As igrejas históricas, tais quais a igreja batista, assembleia de Deus, presbiteriana, etc., tem os seus percalços mas andam bem melhor do que os ministérios independentes que estão surgindo apenas para atender o anseio dos seus instituidores. É necessário que as igrejas possuam poderes moderadores, fiscalização, etc. para que o poder nas mãos dos lideres não sejam absolutos, e nisso, as igrejas históricas estão bem melhor aparelhadas, apesar de necessitarem de melhorias na aplicação dos instrumentos existentes.
Para que possamos ter uma espiritualidade saudável, necessitamos ser liderados por pessoas que não tenham a síndrome de lúcifer, que não tenham egoísmo e egocentrismo como características pessoas e não possuam vaidade exacerbada. O tempo que estamos atravessando está revelando o coração de muitas pessoas, e por este motivo devemos parar e pensar se realmente estamos servindo a Deus ou aos homens, e mais, os nossos líderes religiosos estão nos impulsionando para o nosso chamado ou estamos apenas sendo funcionários de uma instituições religiosas?
Tenhamos cuidados com devaneios de pessoas que querem abrir "ministérios independentes" ou que desejam ir em busca de uma "nova visão", simplesmente porque querem ter abaixo de si outras pessoas que lhes obedeçam cegamente, mas não querem se dar ao trabalho de realizar a obra do reino de Deus como a bíblia estabelece.
Que Deus em Cristo nos abençoe.
Ev. Sylmar Ribeiro Brito
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