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O PARADOXO DA FÉ

Texto base: At. 9:10 - 16.


A bíblia nos relata a história de um homem chamado Saulo e também conhecido como Paulo. Esse homem segundo o relato Bíblico era um homem muito dedicado a guardar os princípios de Deus. Ele era judeu, nascido em Tarso e pertencia ao grupo religioso dos fariseus. Um dos ramos do judaísmo mais intolerantes e exigentes da época.


Os fariseus eram famosos por exigirem um nível de santidade inalcançável, quem nem eles mesmos conseguiam atingir. Nesse sentido a bíblia nos mostra que estes em grande parte eram na verdade grandes hipócritas. Mas Paulo era diferente, o livro de atos dos apóstolos nos mostra que Paulo era um adorador sincero. Ele dava o seu melhor para zelar pelas ordenanças de Deus, por aquilo que ele achava correto.


Ocorre que nos tempos em que Paulo pertencia ao grupo dos Fariseus, Jesus peregrinou pela Terra, pregando as boas novas do Reino de Deus, e após seu sacrifício na cruz, seus discípulos continuaram a pregar seus ensinamentos, e para os judeus tais ensinamentos eram heréticos, pois os judeus não reconheciam a autoridade de Jesus como filho de Deus.


Dessa forma, os discípulos na visão de Paulo estavam causando tumulto e desviando muitos fariseus do caminho certo para o caminho errado, e por consequência levando estes fariseus para o inferno, e, portanto, esta seita chamado cristianismo não poderia permanecer e deveria ser extinta o mais rápido possível.


E na “melhor das intenções” ao seu ver, Paulo perseguiu muitos cristãos, encarcerou muitos outros e até consentiu nas penas de mortes impostas pelos sinédrios. E também “na melhor das intenções”, Paulo certo dia se dirigiu a cidade de Damasco para achar alguns que seguiam “O Caminho”, e no caminho este mesmo Paulo foi achado por Cristo, e se converteu ao Caminho que ele mesmo perseguia, ficando cego.


Ocorre que quando Paulo ficou cego, Jesus apareceu a um de seus discípulos chamado Ananias, e o ordenou que fosse ao encontro para lhe curar por meio de imposição de mãos, entretanto Ananias teve medo e não aceitou a primeira vista a ordenança do Senhor pois tinha medo por sua própria vida.


Todavia o Senhor fez uma grande revelação a Ananias e por meio dessa revelação nós descobrimos que este homem de morte, chamado Saulo, tinha um plano de vida planejado pelo próprio Redentor de nossas vidas, e era um “instrumento escolhido” (At. 9:15).


Essa história nos trás algumas verdades. Em primeiro lugar, devemos observar que a forma como vemos a nossa realidade não é a mesma forma como Deus vê. Existe uma diferença muito clara entre nossa visão natural e a visão espiritual do Mestre. Para Ananias e para qualquer outro discípulo, Paulo era um perigo, um emissário da morte, alguém que levava terror e pranto aos cristãos onde quer que chegasse.

E como alguém tão mau, para os discípulos mais temerosos com certeza seria digno de morte. Para os mais pacíficos, talvez fosse digno de misericórdia. Mas o consenso geral cristão da época é que, independente de morte ou misericórdia, a distância deveria ser mantida entre cristãos e Saulo.


Acontece que onde o Homem natural via um homem que poderia ajudar a ceifar muitas vidas, Jesus ao contrário, via alguém que poderia salvar (e salvou) muitas vidas. Muitas vezes nós com nossa visão e sabedoria limitada, não conseguimos compreender o plano misterioso de Deus para nossas vidas.


A Bíblia nos diz, que Deus escolhe as coisas loucas dessa vida para confundir as coisas sábias ( 1 Cr. 1:27 - 29), e nesse sentido, o que seria mais louco que um perseguidor do evangelho se tornar pregador e portanto perseguidor do mesmo evangelho que outrora perseguiu ?

Portanto, é de suma importância que nossa relação com Deus seja baseada na extrema confiança em seus planos, por mais loucos que a primeira vista pareçam. Essa confiança deve ser baseada no caráter irrepreensível de Deus que está acima de qualquer suspeita.


Devemos, assim como Ananias confiar no Pai, e seguir suas ordens por mais que a primeira vista o prospecto não seja muito favorável. Imagino que Ananias ao se dirigir a casa de Judas deve ter pensado umas 300 vezes em dar meia volta, e com toda certeza deve ter se despedido de sua família como se fosse talvez a última vez que os fosse ver, mas mesmo extremamente temeroso por sua morte, ele confiou na ordenança de Deus, e não deixou se convencer por sua visão natural, e cumpriu aquilo ao qual foi ordenado e o nome do Senhor foi glorificado.

Em segundo lugar, podemos perceber pela conversão de Paulo, que o preconceito às vezes nos atrapalha a vivermos o melhor de Deus em nossa comunidade cristã. Não é raro olharmos para alguns de nossos irmãos como os discípulos olharam para Paulo quando ele chegou a Jerusalém.


A bíblia nos relata que todos tinham medo dele, pelo seu passado. E as vezes olhamos para alguns irmãos e com base em obras passadas, temos medo de conviver com eles ou até mesmo de confiar alguma tarefa eclesiástica a eles, e assim criamos um ambiente que ao invés de proporcionar o crescimento e a redenção ao novo convertido, provoca morte e decepção.

Em nossa caminhada devemos confiar no agir do Espírito Santo, em seu poder de convencer o pecador de seu pecado e realizar uma restauração completa naquele que em outro momento foi um problema. Devemos, assim como Barnabé fez, estender a mão para o mais fraco, discipulá-lo e dar oportunidades de crescimento.

E em terceiro lugar, devemos aprender com Paulo, que se a porta é estreita o caminho é também. Em At. 9:16, vemos o Senhor Jesus dizendo que ele mesmo mostraria a Paulo o quanto este deveria sofrer pelo evangelho. Paulo foi um homem que sofreu com o preconceito e julgamento por aquilo que fez antes de sua conversão, foi açoitado, apedrejado, picado por serpente, preso, mal interpretado, abandonado pelos seus, e por fim morto por pregar o evangelho.


Passou por inúmeras dificuldades, mas combateu o bom combate, terminou a carreira, guardou a fé e partiu para a Glória. Muitos de nós na primeira dificuldade queremos abandonar o caminho de Cristo, queremos nos eximir das dores que por vezes o evangelho nos causa e dos obstáculos que às vezes aparecem em nossa caminhada cristã.


Entretanto, Jesus nos alerta que os dias são maus, e que podemos até mesmo sermos perseguidos por seu nome, mas nos alerta para termos bom ânimo pois ele venceu todas (absolutamente todas) as dificuldades, e ele nos ajudará a vencer as nossas. E o apóstolo Paulo que tem muita propriedade para falar de sofrimento, nos consola em sua segunda carta aos coríntios (presente na bíblia, pois sabemos que Paulo mandou mais de do que apenas duas cartas aos coríntios) “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;”.


Dessa forma, frente a carreira devemos permanecer firmes e constantes, faça chuva faça sol, na tristeza ou na alegria, com a esperança de que aquele que honrou Cristo e o ressuscitou também nos ressuscitará e nos dará a coroa que espera aqueles que forem fiéis até a morte.


Colemar Rodrigues de Cerqueira Neto

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